terça-feira, 28 de agosto de 2007

O PRIMEIRO RAIO DE LUZ

O primeiro raio de luz a alimentar a minha sementinha surgiu em Novembro de 2005, altura em que a professora M.ª João Lampreia, coordenadora do estágio no último semestre do curso de licenciatura em Enfermagem, pediu que escrevêssemos numa folha o local onde o gostaríamos de realizar.
Não recordo as suas palavras exactas, mas pelo meio, sorrindo, disse algo como:
- Ah, e se alguém quiser integrar uma missão humanitária… desde que organize tudo com a AMI, eu aceito e dou todo o meu apoio!

PLIM PLIM PLIM… Ao Tio Patinhas apareceriam cifrões nos olhos; nos meus deve ter aparecido o brilho dos felizes! Eh, eh… Pelo menos, os violinos posso garantir que tocaram…
Era aquilo que sem saber eu esperava e sabia que chegaria – aquele momento, aquela oportunidade, aquela situação!!! Ter de entrar em contacto com a AMI, fazer com que me aceitassem, ter uma trabalheira com papeladas e coisas afins… Xiiii! Desde quando isso são entraves? Arregacei logo as mangas!

Os meses que se seguiram decorreram então entre a feitura de relatórios, planificação de objectivos, actualização de currículo e envios e reenvios de tudo para a sede da AMI em Lisboa. (Acreditas que perderam 3 vezes o meu currículo e o da minha colega Sue, que me acompanhou?)
Quando o coração já ia ansiosamente ao telemóvel de hora a hora em busca de uma chamada da AMI… Era Fevereiro, eu ressonava na minha caminha em Coimbra – férias de Carnaval! Em tempos de estudante elas existiam! – juntinho das minhas meninas, Natasha e Nocas – que obviamente eu teria de referir! – quando o telemóvel, que por força do adormecer prematuro da noite anterior em que adormecera de livro aberto e luz acesa, deixara ligado, tocou.
Até suspirei. Marcação de entrevista. Finalmente, pensei.
Obviamente que tanto eu como a Sue encantámos pelos lados da capital e, assim, começou uma nova etapa: marcação de voos (Lisboa – Ilha de Santiago, Cidade da Praia - Ilha do Fogo, São Filipe), firma de contratos e seguros (que mais tarde se revelaria fundamental!), recolha de informações variadas sobre Cabo Verde – geografia, clima, política, história, bases culturais –, Saúde Tropical, Consulta do Viajante, etc.
A mala foi encerrada a 21 de Março. Roupa, calçado, apontamentos, produtos de higiene, repelente de insectos… Não me podia alargar! Na escala entre ilhas só poderia ter 15 Quilos de bagagem (segundo informações da altura! No terreno vi que as coisas não eram bem assim!), e de um pedido da AMI, que não quis, nem podia recusar, teria de levar 10 Quilos em 2 caixas de cartão com material para prestação de cuidados. Agora é só fazeres as contas de quanto podia eu levar de peso…
No dia 22, com coraçãozinho apertado, as despedidas aos papás, às meninas e amigos concluídas, lá cheguei a Lisboa. A aventura iria começar… Ai! O meu estômago só aguentava água e chá verde. E mesmo estes, só em quantidade moderada, ingerida a passo de passarinho.
Mas… Ups! Não parti!
Porquê?
Inacreditável! A data estava errada! Os bilhetes eram só para o dia seguinte e só na sede da AMI o descobri. Não sabia se havia de rir ou chorar. A parte de mim que quis acreditar que o engano não havia sido meu (que não ouvira mal a data quando me disseram ao telemóvel), viu a situação como um teste da Fundação AMI para entender qual a resposta que eu e a Sue teríamos numa situação imprevista e desagradável. Terá sido?
Parti-me a rir e fui direita ao Centro Comercial Vasco da Gama “papar” desenfreadamente uma enorme baguete vegetariana da Pans! O meu sistema gastrointestinal descolapsou! Eh, eh…
A mala manteve-se fechada. Em Coimbra a minha cama já não tinha lençóis. A minha mãe e o meu padrasto não sabiam o que dizer, mantinham-se calados. E eu dormi mais uma noite ao som do ronronar mais delicioso do mundo.
No dia seguinte o Nuno já não me levou a Lisboa. Tive de ir de Expresso, com toda a bagagem… No entanto, e até, apesar de estar de chuva, o dia tinha um cheiro mais harmonioso que o da véspera. Desfeitas as expectativas, ficara uma calma… Independentemente do que sucedesse, conseguia agora sentir-me… tudo seria óptimo.

1 comentário:

  1. Olá Ana!
    Gostei de ver e ler as tuas andanças por Cabo Verde.
    Vou seguir o teu diário, à medida que fores publicando. Boas fotos. Mais!
    E o teu sorriso continua a ser uma inspiração:)
    Um beijo.
    N.

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