quinta-feira, 30 de julho de 2009

AO FADO

No alpendre

entre as agulhas de pinheiro cheias de terra

espero por ti.

Jane Reichhold
Sebastião Salgado

terça-feira, 21 de julho de 2009

For what it's worth

.
The end of the century
I said my goodbyes
For what it’s worth
I always aim to please
But I nearly died

For what it’s worth
Come on lay with me
‘Cause I’m on fire
For what it’s worth
I tear the sun in three
To light up your eyes

For what it’s worth
For what it’s worth
For what it’s worth
For what it’s worth

Broke up the family
Everybody cried
For what it’s worth
I have a slow disease
That sucked me dry

For what it’s worth
Come on walk with me
Into the rising tide
For what it’s worth
Filled a cavity
Your god shaped hole tonight

For what it’s worth
For what it’s worth
For what it’s worth
For what it’s worth
For what it’s worth
For what it’s worth
For what it’s worth
For what it’s worth

No one cares when you’re out on the street
Picking up the pieces to make ends meet
No one cares when you’re down in the gutter
Got no lover got no lover

No one cares when you’re out on the street
Picking up the pieces to make ends meet
No one cares when you’re down in the gutter
Got no lover got no lover

For what it’s worth
Got no lover
For what it’s worth
Got no lover
For what it’s worth
Got no lover
For what it’s worth
Got no lover
For what it’s worth
Got no lover
For what it’s worth
Got no lover
For what it’s worth
Got no lover

Placebo

quarta-feira, 15 de julho de 2009

História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar

.

- Estou a voar! Zurbas! Sei voar! - grasnava ela, eufórica, lá da vastidão do céu cinzento.

O humano acariciou o lombo do gato.

- Bem, gato, conseguimos - disse ele suspirando.

- Sim, à beira do vazio compreendeu o mais importante - miou Zorbas.

- Ah, sim? E o que é que ela compreendeu? - perguntou o humano.

- Que só voa quem se atreve a fazê-lo - miou Zorbas.

- Suponho que agora te estorva a minha companhia. Espero-te lá em baixo - despediu-se o humano.

Zorbas permaneceu ali a contemplá-la, até que não soube se foram as gotas de chuva ou as lágrimas que lhe embaciaram os olhos amarelos de gato grande, preto e gordo, de gato bom, de gato nobre, de gato de porto.


Luis Sepúlveda



quinta-feira, 9 de julho de 2009

Os Pobres

.

A filosofia do Gabiru


"Oh descubro agora a torrente esplêndida que é a vida! É a emoção. Ela é o veio límpido onde as sedes se estacam. Liga os homens, prende-os - e o egoísmo afasta-os.
Todos os rios, como todas as vidas, vão desaguar ao grande atlântico de beleza. As criaturas humildes e simples têm uma existência como um fio corrente - água e lágrimas - mas sempre claro. A cólera, a ambição, os interesses turvam a vida, como a terra revolvida turva a água.
Amar os outros, sofrer pelos outros, viver para os outros, é tornar a existência simples, monótona e grande; é fazê-la parecida com as mantas grossas, duma única côr neutra, que agasalham os pobres.
O homem que tem emoção e que ama é sempre feliz: as coisas conhecem-no , as árvores são suas amigas. Sente-se eternecido diante do mais ressequido calhau.O que odeia, o ambicioso e o mau, passaram pela natureza como o homem na guerra: não viram nem ouviram. As coisas emudecem para eles. Nada lhe dizem, porque não sabem ouvir....
É singular a inconsciência com que o homem trata as coisas mais profundas da vida - e a gravidade com que discute as que são apenas aparências vãs."


Raul Brandão