quarta-feira, 16 de junho de 2010

E se...

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Não se pode impedir a morte.
Não se pode encurtar o luto.
Não se pode recuperar o que deixa de existir.
Não se pode evitar a dor.
Não se pode controlar os sentimentos.

E se...
o coração tivesse sete vidas como o gato?

domingo, 13 de junho de 2010

Vícios

Viciámo-nos em frigoríficos cheios, armários a abarrotar, e quiçá ainda, bancadas e mesas de cozinha atafulhadas com pacotes de bolachas e enlatados.
Quantas refeições de qualidade comemos por semana?
Viciámo-nos em telemóveis. Nunca sair de casa sem um, dormir com ele na mesinha-de-cabeceira, levar o carregador ao sairmos de casa... não mencionando quando é mais que um.
Quantas vezes nos sentimos sozinhos ou com vontade disso?
Viciámo-nos em redes sociais cibernaúticas e listas de amigos enormes.
Com quantas pessoas conseguimos falar quando algo nos
apoquenta?
Viciámo-nos em curriculos extensos e diversificados de relações amorosas.
Quantas pessoas amámos de verdade?
A quantas pessoas nos entregámos de verdade?
Viciámo-nos em ter vícios: da bica ao queimar da nicotina...
Deixámos de estimular a produção de Dopamina
com momentos plenos de felicidade?

Viciamo-nos no muito... prefiro viciar-me numa coisa só - viciar-me em ti!

Se um pouco do muito desparecer, algum restará... mas é tão oco quanto a ilusão dessa quantidade.
Se tu deixares de estar ao meu lado quando acordo... resta-me a lembrança de sonhos lindos - mais fortes e profundos que qualquer átomo de matéria física.

Ana Isabel Gomes

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Remelas

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Podia falar de princesas e dragões.
Podia falar de poções mágicas e rosas.
Porque não até divagar sobre paixões,
noites de luar, poemas e prosas?
Podia divagar sobre o teu cheiro
ou o calor do teu corpo colado ao meu.
Podia reflectir sobre a esperança
de que o meu mundo pertença ao teu.

No entanto,
apetece-me escrever sobre remelas.

Remelas outrora envergonhadas,
viram remelas desejadas.
Remelas outrora incomodas
são agora doces e suaves.

As remelas dos meus olhos, quando acordo junto a ti.
As remelas que elogiaste - corei e ri.

Ana Isabel Gomes