terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Não é homem...

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Não era homem para permitir que se lhe desmandasse o coração em público, mesmo quando, como agora, lágrimas invisiveis lhe deslizam pela cara abaixo.
A coluna pôs-se em movimento, levando o carro dos bois à frente, acabou-se, não os voltaremos a ver neste teatro, a vida é assim, os actores aparecem, logo saem do palco, porque o próprio, o comum, o que sempre virá a acontecer mais tarde ou mais cedo, é debitarem as falas que aprenderam e sumirem-se pela porta do fundo, a que dá para o jardim.
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José Saramago
A VIAGEM DO ELEFANTE