terça-feira, 9 de agosto de 2011

Carácter

"Ao examinarmos os erros de um homem,
conhecemos o seu carácter."
Confucio

terça-feira, 24 de agosto de 2010

DORME BEM

Entre poemas por aí feitos
a falar de amores perfeitos
fácil seria talvez encontrar
um que te pudesse agradar.
A minha alma porém
POR TI vai tão além...

Impele-me a escrever
sobre o que sei ser
um sentimento bem maior, único e especial
que qualquer um antes descrito como tal.

Acentuo as palilogias e o tom de algumas sílabas;
Tropeço nas vogais, consoantes, parágrafos e vírgulas.

Nos teus braços me aconchego...
O meu mundo está em sossego...

Mais não me resta que dizer: Te amo!

quarta-feira, 16 de junho de 2010

E se...

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Não se pode impedir a morte.
Não se pode encurtar o luto.
Não se pode recuperar o que deixa de existir.
Não se pode evitar a dor.
Não se pode controlar os sentimentos.

E se...
o coração tivesse sete vidas como o gato?

domingo, 13 de junho de 2010

Vícios

Viciámo-nos em frigoríficos cheios, armários a abarrotar, e quiçá ainda, bancadas e mesas de cozinha atafulhadas com pacotes de bolachas e enlatados.
Quantas refeições de qualidade comemos por semana?
Viciámo-nos em telemóveis. Nunca sair de casa sem um, dormir com ele na mesinha-de-cabeceira, levar o carregador ao sairmos de casa... não mencionando quando é mais que um.
Quantas vezes nos sentimos sozinhos ou com vontade disso?
Viciámo-nos em redes sociais cibernaúticas e listas de amigos enormes.
Com quantas pessoas conseguimos falar quando algo nos
apoquenta?
Viciámo-nos em curriculos extensos e diversificados de relações amorosas.
Quantas pessoas amámos de verdade?
A quantas pessoas nos entregámos de verdade?
Viciámo-nos em ter vícios: da bica ao queimar da nicotina...
Deixámos de estimular a produção de Dopamina
com momentos plenos de felicidade?

Viciamo-nos no muito... prefiro viciar-me numa coisa só - viciar-me em ti!

Se um pouco do muito desparecer, algum restará... mas é tão oco quanto a ilusão dessa quantidade.
Se tu deixares de estar ao meu lado quando acordo... resta-me a lembrança de sonhos lindos - mais fortes e profundos que qualquer átomo de matéria física.

Ana Isabel Gomes

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Remelas

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Podia falar de princesas e dragões.
Podia falar de poções mágicas e rosas.
Porque não até divagar sobre paixões,
noites de luar, poemas e prosas?
Podia divagar sobre o teu cheiro
ou o calor do teu corpo colado ao meu.
Podia reflectir sobre a esperança
de que o meu mundo pertença ao teu.

No entanto,
apetece-me escrever sobre remelas.

Remelas outrora envergonhadas,
viram remelas desejadas.
Remelas outrora incomodas
são agora doces e suaves.

As remelas dos meus olhos, quando acordo junto a ti.
As remelas que elogiaste - corei e ri.

Ana Isabel Gomes

sábado, 22 de maio de 2010

Soneto de Fidelidade

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De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei-de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Vinicius de Moraes

sábado, 8 de maio de 2010

O JOGO

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Mais um dia em vão no jogo em que ninguém ganhou
Dá mais cartas, baixa a luz e vem esquecer o amor
És tu quem quer
Sou eu quem não quer ver que o tudo é tão maior
Aqui está frio demais para apostar em mim.

Vê que a noite pode ser tão pouco como nós
Neste quarto o tempo é medo e o medo faz-nos sós
És tu quem quer
Mas eu só sei ver que o tempo já passou e eu fugi
Que aqui está frio demais para me sentir...
Mas queres ficar?

Queres levar
Tudo o que é meu
É tudo o que eu
Não sei largar

Vem rasgar o escuro desta chuva que sujou!
Vem que a água vai lavar o que me dói!
Vem que nem o último a cair vai perder.

Tiago Bettencourt

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Enamorar a vida

...
É tão mais fácil ser optimista quando o sol brilha sobre o nosso jardim...mesmo assim há quem não o consiga, eu sei, e por aí nem entro. Sei que com o ruído atroz dos relâmpagos, a constante lamuria da chuva, quando do coração nem cinzas sobram, as nuvens turvam-nos a alma.

O que dizer então daqueles cujos jardins são constantemente destruídos ou nunca sequer os tiveram? Esses são os verdadeiros valentes...

Para se ser feliz tem que se ter um coração enamorado - disse alguém.
Enamorar a vida... mesmo quando ela não nos enamora a nós.
Fica a frase do mês :)

http://www.youtube.com/watch?v=3ISqOKJMWEk

:)

segunda-feira, 15 de março de 2010

CORAGEM

"Coragem - a consciência perfeita da medida do perigo e a vontade mental de o suportar."


William Sherman

terça-feira, 9 de março de 2010

Un beso de esos

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Los dos se encontraron en el mismo cuento,
los dos se encontraron justo en el momento
fue un beso de esos que bajan la guardia
fue un beso de esos de darse las gracias
fue un beso de esos de esos que valen por toda la química de la farmacia

los dos intuyeron sus ojos cerrados sus bocas pegadas en el canso aliento
fue un beso de esos que cumplen un sueño
fue un beso de esos que son el primero
un beso de esos que ponen contento
los dos se creyeron "in singing in the rain"

Tan locos saltaron sobre los charcos
tan locos bailaron por los bordillos
tan locos rompieron en mil pedazos
la lista negra de sus enemigos
tan locos saltaron la verja de un parque
a ciegas cruzaron por las avenidas
tan locos pensaron hacerse piratas
surcar en velero los mares de China

Fue un beso de esos que premian las ganas
fue un beso de esos que luego te marcan
fue un beso de esos de besame mucho
tan locos quisieron perderse del mundo
tan locos rodaron uno sobre el otro
fue un beso de estos que valen por todo

Por todo!

http://www.youtube.com/watch?v=5S-bdigfi_sfeature=related

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

A magia da neve

O seu humano perante a imensidão de um oceano, deserto ou cordilheira constata a sua pequenez... há coisas tão fortes que acabam por nos transcender! Podemos tentar adjectivar, mas parecem-me vãs todas essas tentativas!



Coisas inexplicáveis, ali, acontecem...

E se de repente, em vez de estar apenas staring at it colocarmos uns skis nos pés e partirmos em desafio das leis da gravidade?

Cura qualquer fase de insónias... há um silêncio estranho em cada bar de ar; há um chamamento guerrilheiro em cada centimetro de neve... ou a tua mente se concentra, apaga todo o lixo que habitualmente a fulmina e, cada músculo do teu corpo é por ti controlado, ou, cais, e nem sempre com ligeireza... é indiscritivel a paz que o medo naquele ambiente dá! Fortalece!

- Se eu me mantiver calma não é esta ribanceira que me derruba! - Depois é só relembrar isso quando se está perante um contratempo do dia-a-dia!

À noite o corpo está todo dorido mas até isso sabe bem :) por vezes até do nosso corpo nos esquecemos e é bom recordar este nosso veículo de contacto com o mundo das sensações!



Quem diria que esquiar traria tanta coisa boa para a nossa vida?

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Ele faz-me chorar

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"Numa noite um rapaz encontra uma rapariga sentada num banco de jardim. Chorava com um telemóvel nas mãos. A partir daí o objectivo daquele rapaz era fazê-la rir a qualquer custo. Tropeçou, foi contra postes, recitou sketches dos Monty Pythons, até que por fim conseguiu arrancar-lhe um sorriso.
"Fazes-me rir."
Se num dia riu, noutro despiu. E foi então que uma vez, esse rapaz, acordou em sua cama e a rapariga lá não estava. Em cima da mesma cabeceira estava um papel que dizia: Tu fizeste-me rir, mas ele faz-me chorar."


Nuno Markl in A Bela e o Paparazzo
Guião de Tiago Santos

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

O pior da vida

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"O que a vida apresenta de pior não é a violenta catástrofe, mas a monotonia dos momentos semelhantes; numa ou se morre ou se vence, na outra verás que o maior número nem venceu nem morreu: flutua sem norte e sem esperança.
Não te deixes derrubar pela insignificância dos pequenos movimentos e serás homem para os grandes; se jamais te faltar a coragem para afrontar os dias em que nada se passa, poderás sem receio esperar os tempos em que o mundo se vira."
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Agostinho da Silva,
in Textos e Ensaios Filosóficos

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Fico admirado

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Fico admirado quando alguém, por acaso e quase sempre
Sem motivo, me diz que não sabe o que é o amor.

Eu sei exactamente o que é o amor. O amor é saber

Que existe uma parte de nós que deixou de nos pertencer.

O amor é saber que vamos perdoar tudo a essa parte

De nós que não é nossa. O amor é sermos fracos.

O amor é ter medo e querer morrer.

José Luis Peixoto
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sábado, 5 de dezembro de 2009

CAIM

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" Como uma coisa, em princípio, não deveria ir sem a outra, é provável que um outro objectivo do violento empurrão dado pelo senhor às mudas línguas dos seus rebentos fosse pô-las em contacto com os mais profundos interiores do ser corporal, as chamadas incomodidades do ser, para que, no porvir, já com algum conhecimento de causa, pudessem falar da sua escura e labiríntica confusão a cuja janela, a boca, já começavam elas a assomar."

José Saramago
in Caim

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Um dia.

Estranha o corpo a ausência da acarícia

Poesias cheias de canduras

As noites que chegam escuras

e nem o candeeiro me alivia

Relembram-se ritmos, cheiros e uma busca.



Sentirei um dia algo.

Virá como luz que ofusca.



Será que ai serás esquecido?

domingo, 15 de novembro de 2009

O Amor é o Homem Inacabado

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"Todas as árvores com todos os ramos com todas as folhas

A erva na base dos rochedos e as casas amontoadas

Ao longe o mar que os teus olhos banham

Estas imagens de um dia e outro dia

Os vícios as virtudes tão imperfeitos

A transparência dos transeuntes nas ruas do acaso

E as mulheres exaladas pelas tuas pesquisas obstinadas

As tuas ideias fixas no coração de chumbo nos lábios virgens

Os vícios as virtudes tão imperfeitos

A semelhança dos olhares consentidos com os olhares conquistados

A confusão dos corpos das fadigas dos ardores

A imitação das palavras das atitudes das ideias

Os vícios as virtudes tão imperfeitos


O amor é o homem inacabado."


Paul Eluard in Algumas das Palavras



sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Sputnik Meu Amor

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"Não posso ficar para sempre assim, nesta indecisão. Não posso comportar-me como um barbeiro indeciso, que passa a vida a abrir buracos no jardim das traseiras, não posso continuar sem confessar a ninguém que amo Miu. A ser assim, acabarei, lenta mas inexoravelmente, por me perder. Todas as manhãs do mundo, todos os crépúsculos, acabarão por me despojar, pedaço atrás de pedaço, da minha identidade, e não tardará que a minha própria existência se dilua na corrente do tempo - e que eu acabe por ficar reduzida a nada."
Haruki Murakami



quinta-feira, 13 de agosto de 2009

A arte de envelhecer

"não existe nenhuma fonte de juventude, mas podemos ser nutridos por fontes de água de um tipo diferente, muito melhores e mais realistas. estas outras são as nascentes que existem ao longo do curso das nossas vidas, para enriquecer a corrente fluida q gradualmente cresce até à plenitude da velhice. Como a própria água em movimento, o nosso envelhecimento é uma continuidade com tudo o q nos tornámos desde uma fase muito anterior - tudo o q contribuiu para a corrente lentamente amadurecida do nosso ser. Autoconfiança, optimismo, produtividade, ligações de caritas com outros, orgulho no nosso corpo físico - todos estes aspectos são filosofias que engrandecem a vida. são nascentes que em boa parte são obra nossa e podem crescer em significado conforme deixarmos a sua energia derrama-se sobre o canal expansivamente amplo e profundo da experiência e da sabedoria."....

Sherwin B. Nuland

quinta-feira, 30 de julho de 2009

AO FADO

No alpendre

entre as agulhas de pinheiro cheias de terra

espero por ti.

Jane Reichhold
Sebastião Salgado

terça-feira, 21 de julho de 2009

For what it's worth

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The end of the century
I said my goodbyes
For what it’s worth
I always aim to please
But I nearly died

For what it’s worth
Come on lay with me
‘Cause I’m on fire
For what it’s worth
I tear the sun in three
To light up your eyes

For what it’s worth
For what it’s worth
For what it’s worth
For what it’s worth

Broke up the family
Everybody cried
For what it’s worth
I have a slow disease
That sucked me dry

For what it’s worth
Come on walk with me
Into the rising tide
For what it’s worth
Filled a cavity
Your god shaped hole tonight

For what it’s worth
For what it’s worth
For what it’s worth
For what it’s worth
For what it’s worth
For what it’s worth
For what it’s worth
For what it’s worth

No one cares when you’re out on the street
Picking up the pieces to make ends meet
No one cares when you’re down in the gutter
Got no lover got no lover

No one cares when you’re out on the street
Picking up the pieces to make ends meet
No one cares when you’re down in the gutter
Got no lover got no lover

For what it’s worth
Got no lover
For what it’s worth
Got no lover
For what it’s worth
Got no lover
For what it’s worth
Got no lover
For what it’s worth
Got no lover
For what it’s worth
Got no lover
For what it’s worth
Got no lover

Placebo

quarta-feira, 15 de julho de 2009

História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar

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- Estou a voar! Zurbas! Sei voar! - grasnava ela, eufórica, lá da vastidão do céu cinzento.

O humano acariciou o lombo do gato.

- Bem, gato, conseguimos - disse ele suspirando.

- Sim, à beira do vazio compreendeu o mais importante - miou Zorbas.

- Ah, sim? E o que é que ela compreendeu? - perguntou o humano.

- Que só voa quem se atreve a fazê-lo - miou Zorbas.

- Suponho que agora te estorva a minha companhia. Espero-te lá em baixo - despediu-se o humano.

Zorbas permaneceu ali a contemplá-la, até que não soube se foram as gotas de chuva ou as lágrimas que lhe embaciaram os olhos amarelos de gato grande, preto e gordo, de gato bom, de gato nobre, de gato de porto.


Luis Sepúlveda



quinta-feira, 9 de julho de 2009

Os Pobres

.

A filosofia do Gabiru


"Oh descubro agora a torrente esplêndida que é a vida! É a emoção. Ela é o veio límpido onde as sedes se estacam. Liga os homens, prende-os - e o egoísmo afasta-os.
Todos os rios, como todas as vidas, vão desaguar ao grande atlântico de beleza. As criaturas humildes e simples têm uma existência como um fio corrente - água e lágrimas - mas sempre claro. A cólera, a ambição, os interesses turvam a vida, como a terra revolvida turva a água.
Amar os outros, sofrer pelos outros, viver para os outros, é tornar a existência simples, monótona e grande; é fazê-la parecida com as mantas grossas, duma única côr neutra, que agasalham os pobres.
O homem que tem emoção e que ama é sempre feliz: as coisas conhecem-no , as árvores são suas amigas. Sente-se eternecido diante do mais ressequido calhau.O que odeia, o ambicioso e o mau, passaram pela natureza como o homem na guerra: não viram nem ouviram. As coisas emudecem para eles. Nada lhe dizem, porque não sabem ouvir....
É singular a inconsciência com que o homem trata as coisas mais profundas da vida - e a gravidade com que discute as que são apenas aparências vãs."


Raul Brandão


sexta-feira, 5 de junho de 2009

PREMIO NOBEL DA PAZ 89 - DALAI LAMA

"(...)
Como monge budista, a minha preocupação estende-se a todos os membros da família humana e, na verdade, a todos os seres que sofrem. Acredito que todo o sofrimento é causado pela ignorância. As pessoas causam dor às outras na perseguição egoísta da sua felicidade ou satisfação. No entanto, a verdadeira felicidade vem dum sentido de irmandade. Precisamos de cultivar uma responsabilidade universal uns pelos outros e pelo planeta que partilhamos. Apesar de considerar a minha religião budista útil no sentido de gerar amor e compaixão, mesmo por aqueles que consideramos nossos inimigos, estou convencido que toda a gente pode desenvolver um om coração e um sentido de responsabilidade universal, com ou sem religião.
(...)"

Discurso de agradecimento do Prémio Nobel
de Sua Santidade o Dalai Lama
Universidade Aula, Oslo, 10 de Dezembro de 1989

terça-feira, 12 de maio de 2009

Saldo Negativo

.
Dói muito mais arrancar um cabelo a um europeu que amputar uma perna, a frio, a um africano.
Passa mais fome um francês com três refeições por dia que um sudanês com um rato por semana.
É muito mais doente um alemão com gripe que um indiano com lepra.
Sofre muito mais uma americana com caspa que uma iraquiana sem leite para os filhos.
É mais perverso cancelar o cartão de crédito a um belga que roubar o pão da boca a um tailandês.
É muito mais grave deitar um papel para o chão na Suíça que queimar uma floresta inteira no Brasil.
É mais obscena a falta de papel higiênico num lar sueco que a de água potável em dez aldeias do Sudão.
É mais inconcebível a escassez de gasolina na Holanda que a de insulina nas Honduras.
É mais revoltante um português sem telemóvel que um moçambicano sem livros para estudar.
É mais triste uma laranjeira seca num colonato hebreu que a demolição de um lar na Palestina.
Traumatiza mais a falta de uma Barbie a uma menina inglesa que a visão do assassínio dos pais a um menino ugandês.
E isto não são versos isto são débitos numa conta sem provisão do ocidente.

Fernando Correia Pina

segunda-feira, 4 de maio de 2009

DREAM ON GIRL

...
Dream on girl, Dream on girl
I want to see you sleep tonight
You're up and down
You hit the ground
And time is drifting through your fears

I can find your dreams tonight
And make your lover come back home
If you don't know, you are on your own
I'll choose the best place for you to sleep

Come back to see the day you lost your heart
And all your hopes

I'll take you to see the sunrise and try to catch your ghost
Come on girl, a dream is your world
The signs you see are in your mind
The words that you speak are here in my ear
So I can hear you falling down

Take a breath to see me
I can wait for you toLive a life with no hopes but
If you still believe…

Come back to see the day you lost your heart
And all your hopes

I'll take you to see the sunrise and try to catch your ghost
Come back to see the day you lost your heart
And all your hopes

Rita Redshoes

terça-feira, 14 de abril de 2009

PROJECTO: LISTA DE DESEJOS

Uma amiga minha acha uma parvoíce fazer a lista de desejos para o Novo Ano... eu concordo que fazer essa lista na Passagem d'Ano é absurdo!!! Mas porque para mim a devemos fazer continuamente: a cada dia, acrescentando, cortando, especificando, corrigindo... é uma maneira de definirmos o que realmente queremos...
Os sonhos às vezes estão nublados... levando a que nem saibamos bem o que desejamos (andamos perdidos como as baratas tontas), ou já termos o nosso sonho realizado sem consciência disso (continuando no ciclo do sofredor e deitando tudo a perder), ou irmos traçando um caminho que a olhos nús se vê não ir na direcção da realização dos nossos sonhos... para além disso, os sonhos vão mudando - uns radicalmente, outros sofrendo pequenos ajustes para mais ou para menos...

Encontrei uma autora, Susanna Tamaro, que nas entre-linhas concorda comigo:

“ A época das ideologias e dos grandes sonhos utópicos terminou. Em vez das ideologias e dos sonhos, surgiu um vazio e esse vazio mete medo. Esse vazio pode ser preenchido seja com o que for, com desperdício, com destruição – mais uma vez! – ou com um projecto.

Usa-se pouco esta palavra, que é tão bonita. No projecto não há a grandeza do sonho ou da utopia, o projecto é “doméstico”, acessível. O projecto constrói qualquer coisa, mas fá-lo lentamente, com paciência, responsabilizando-nos pelas nossas opções.

O projecto não promete uma ordem nova e extraordinária, e, precisamente por isso, está isento de exaltações e de fanatismos. O projecto não está ligado a povos, nações ou etnias, está ligado a indivíduos, o seu eventual fracasso não se pode atribuir à história, ao capitalismo, ao fascismo ou ao comunismo, mas apenas a nós mesmos. O que significa ter um projecto? Significa apenas imaginar uma forma diferente de viver e pô-lo em prática sem delegar nada em ninguém, agindo simplesmente.

Na tal linha de crista, o projecto é a pequena faixa de terra onde pomos os pés. É pequena, mas pode aumentar. Quanto mais projectos há, menos espaço fica para o vazio. Acredito piamente nesta pequena-grande revolução, a revolução da responsabilidade individual.

De vez em quando, fecho os olhos e tento vê-la: não há hinos nem bandeiras, o que há são umas luzes minúsculas que se vão acendendo umas a seguir às outras. Não há faróis eléctricos, há tochas ou velas, chamas que oscilam, iluminando as trevas da noite em redor.”


Façam a vossa lista de desejos e... vão realizando-os...

sábado, 4 de abril de 2009

MEMÓRIA PARA ESTHER GREENWOOD

Vou tomar um banho quente
medito no banho
a água deve estar muito quente
tão quente que deves aguentar
com dificuldade
o pé dentro de água
então desces o teu corpo
centímetro a centímetro
até que a água chegue ao pescoço
lembro-me dos tectos
por cima de todas as banheiras
em que estive
lembro-me da textura dos tectos
das rachas
e das cores
e das lâmpadas
também me lembro das banheiras
nunca me sinto tanto eu mesma
como quando estou dentro de um banho quente
não acredito no baptismo
nem nas águas do Jordão
nem em nenhuma coisa desse género
mas pressinto que para mim
um banho quente
é como a água sagrada
para essas pessoas religiosas
quanto mais tempo permaneço na água quente
mais pura me sinto
e quando me embrulho numa toalha
grande branca macia
sinto-me pura e fresca
como um recém-nascido

Adília Lopes
UM JOGO BASTANTE PERIGOSO

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Não é homem...

" (...)
Não era homem para permitir que se lhe desmandasse o coração em público, mesmo quando, como agora, lágrimas invisiveis lhe deslizam pela cara abaixo.
A coluna pôs-se em movimento, levando o carro dos bois à frente, acabou-se, não os voltaremos a ver neste teatro, a vida é assim, os actores aparecem, logo saem do palco, porque o próprio, o comum, o que sempre virá a acontecer mais tarde ou mais cedo, é debitarem as falas que aprenderam e sumirem-se pela porta do fundo, a que dá para o jardim.
(...)"

José Saramago
A VIAGEM DO ELEFANTE

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

A VIAGEM DO ELEFANTE

(... )
"O elefante, já lho disse no outro dia, é outra coisas, em um elefante há dois elefantes, um que aprende o que se lhe ensina e outro que persistirá em ignorar tudo.
Como sabes tu isso,
Descobri que sou tal qual o elefante, uma parte de mim aprende, a outra ignora o que a outra parte aprendeu, e tanto mais vai ignorando quanto mais tempo vai vivendo."
(...)
José Saramago

sábado, 24 de janeiro de 2009

POESIA DA DOR

.
a dor do não sei, mas quero falar

Quero falar, mas nada sincero tenho a dizer

Nada tenho a dizer porque a alma está oca

Oca de semTIdo.



e assim... esgadanho o caminho

O caminho e todas as flores que nele ponho

Nessa loucura vã de descobrir o que SINti

Não entendo a magia de cada flor

Não entendo a magia da tal flor

... apesar de SER a tal...

... SERIA mesmo a tal?...

Destroçada como as outras

... finda o fado

Revive a saudade galega.



Busca-se não mais o sinTIdo

Alguém a quem culpar

Destroços que se vão sulcando.



sábado, 17 de janeiro de 2009

ESTRANHA FORMA DE VIDA...

...
...
...
Que estranha forma de vida
Tem este meu coração:
Vive de forma perdida;
Quem lhe daria o condão?

Que estranha forma de vida.
Coração independente,
Coração que não comando:
Vive perdido entre a gente,
Teimosamente sangrando,

Coração independente.
Eu não te acompanho mais:
Pára, deixa de bater.
Se não sabes onde vais,
Porque teimas em correr,
Eu não te acompanho mais.
...
...
...
Alfredo Duarte e
Amália Rodrigues

domingo, 11 de janeiro de 2009

Inteligência Emocional e não só...

"Vocês já o sabem e eu também.
Não é informação que nos falta.
O que nos falta é a coragem de compreender o que sabemos e dai retirar as devidas conclusões."
Sven Lindqvist

sábado, 18 de outubro de 2008

Dizem...

"Dizem que a saudade custa,

mesmo antes de partir."



Augusto Cury



Foto:Paulo Cesar


Shantideva

"Os seres anseiam a felicidade,
mas na sua ignorância destroem-na e perseguem-na
como se o fizessem a um odiado inimigo."

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

The Scarlet Sunset


Feniletilamina (nome de uma das hormonas da felicidade) - os seus níveis disparam no momento em que ocorre o amor à primeira vista. Provoca enternecimento e paixão.


Para segregá-la à vontade devemos:

- Não perder a nossa capacidade de surpresa diante das coisas mais simples da vida. A contemplação de um amanhecer, um jardim primaveril ou a passagem das nuvens num céu azul intenso podem exaltar o nosso estado de ânimo ao mesmo ponto em que se encontra quando sentimos as flechas do Cupido.

- Admirar a beleza de tudo o que nos rodeia ajudar-nos-á a aprender.

- Evitar a rotina nas relações amorosas pois a monotonia faz com que esta hormona desapareça do nosso organismo e reduz a sensação de paixão. Para que isto não aconteça há que ter um bom arsenal de surpresas para estimular o interesse do casal.


Turner

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Email inesperado e encantador :)

Date: Tue, 19 Aug 2008 18:40:42 -0700
From: andrezzalarissa@yahoo.com.br
Subject: Olá
To: anitaigomes@hotmail.com

Ola Ana
Venho atraves dessa pois dei uma olhada no seu blog e achei muito interessante o assunto sobre Turismo Humanitario, na verdade faço faculdade de Publicidade e Propaganda na Anhembi Morumbi e tenho um projeto exatamente sobre isso, Turismo Humanitario.
Eu li sua reportagem, contando como foi la o que fizeram, vi as fotos, mais queria saber se vc poderia me ajudar respondendo algumas perguntas sobre isso.
O que chamas de "Turismo Humanitário"?
Consideras que o vosso trabalho contribuiu para o avanço ou para o retrocesso?

Quem ajuda voce no custo das viagens?
Voce viaja sozinha ou tem um grupo?
De quanto em quanto tempo voce faz essas viagens em prol de outras pessoas?
Viajam pelo Brasil? ou foi a primeira experiencia sua?
Bom se voce puder me responder essas perguntas ou até mesmo se tiver outras coisas a acrescentar eu ficaria muito grata de verdade voce me ajudaria muito, tenho que entregar um esboço do trabalho na quinta feira agora, se voce puder me responder amanha eu ficaria ainda mais grata.
Bom desde ja te agradeço.
Beijaooo fica com Deus e parabens por esse belo trabalho!!!

Andrezza



Ola Andrezza :)

Antes de estudar Enfermagem fiz a licenciatura em Jornalismo. Dai ter junto as duas no transmitir da minha experiência e ter feito o livrinho sobre a temática e o blog. É com muita alegria que respondo ao teu e-mail. Sempre que quiseres aqui estarei. Infelizmente ainda não chegou o meu momento de ir ao Brasil. Já tive oportunidade de fazer daquelas viagens de uma semana às praias do Nordeste, mas eu gostava era de conhecer o Brasil, não a piscina de um Resort. Um dia destes certamente que aí irei, mas também duvido que me apeteça regressar ao fim de uma semana :) O meu mestre de reiki, João Carlos Melo, tem uma ONG no Rio de Janeiro. ele é daí. Não sei se conheces. Podes ver em http://www.reikicomvoce.com.br/.

Quando participei na Missão Humanitária da Fundação AMI (Ajuda Médica Internacional) era estudante finalista de Enfermagem. Como era aluna tive de ser eu a pagar as viagens e a minha alimentação. A AMI deixou-me participar na missão. Já fiquei muito contente :) e depois deixou-me ficar na Casa da AMI em Cabo Verde sem ter de pagar nada.

Nas missões há sempre um chefe de missão: médico ou enfermeiro. E pelo menos mais um elemento. Depois podem estar mais elementos em missão, que vão vindo e indo consoantes as possibilidades e as necessidades.

Enquanto cidadã europeia, uma coisa muito interessante a ter em atenção, quando se vai para um país dito "de terceiro mundo" - terminologia que eu abomino - é a tendência para nos tornarmos colonizadores. Como se tivessemos a sabedoria universal e o modo como perspectivamos o mundo fosse o melhor e único a aceitar. ERRADO! Há que ter consciência e respeitar o espaço, a cultura, os hábitos da população e aprender muito com eles. Assim poderás oferecer-lhes "os algos" - conhecimentos, materiais, etc - que lhes possam servir na sua etapa evolutiva enquanto sociedade e indivíduos. Quando eu me referi a Turismo Humanitário deveu-se ao facto de sentir que partir em missão se tornou uma coisa "fixe", bacana (estou a tentar usar expressões brasileiras :) eh eh)... mas se vais para um sitio porque é bacana, porque vais ser o maior entre seus amigos, porque deve ser divertido ver aquelas pessoas que supostamente são umas "coitadinhas", mais vale ir ao Jardim Zoológico. Há que respeitar aquela comunidade. Estamos ali para as pessoas. Não para experimentar comidas, não para passear, não para conhecer o país. Claro que naturalmente essas coisas são ocorrendo e que também precisas de momentos de descanso, mas é diferente. Recordas o que aconteceu após o Tsunami no Sri Lanka? Foram centenas as ONG que foram para lá. Haviam faixas com os nomes das ONG ao longo das estradas, bandeiras no meio dos campos... ganhos em saúde para as populações? Pouquissimos. E quando sairam do país levaram essas bandeirolas publicitárias? NÃO! Achas isso ético? Passear ao Sri Lanka quando aquelas pessoas precisavam é de ajuda? E não era que lhes fossem dar ordens de como fazer as suas casas. Elas precisavam era que as ajudassem a refaze-las da maneira que eles sabem. Enquanto os ajudavas como eles queriam, obviamente que irias dando a conhecer como se faz em países ditos desenvolvidos e possivelmente chegar-se-ia a um meio termo espectacular e aí sim, havia ganhos para a população.

O meu trabalho na AMI em Cabo Verde contribui com avanços: rastreios em escolas para depois se pedirem patrocinios e se irem arranjar os dentinhos das crianças, formações sobre sexualidade em escolas, formação aos auxiliares do hospital, entre otros.

Por acaso houve um projecto de luta contra a propagação do HIV/SIDA (AIDS em brasileiro, verdade?) em que fiz um relatório com avaliação negativa. No entanto, foi muito bem recebido e assim que regressei a Portugal, estive em reunião com a chefia e a situação foi alterada. O projecto que já estava "planeado" quando eu lá cheguei era aproveitar a semana da festa da ilha, em que toda a população participava para colar uns posters e entregar preservativos. O que sucedeu? Os posters tinham uma imagem: duas pantufas de lã, uma rosa, outra azul. Estamos a falar de Cabo Verde, onde não se usa lã, onde não há uma identificação por cores do menino e da menina. Falava lá que em caso de dúvidas podiam ligar para uns números. Esses números eram de Portugal, nem tinham indicativo internacional, nem tinha lógica, uma vez que haviam meia dúzia de telefones na ilha e as pessoas nem para um copo de leite tinham dinheiro a maior parte dos dias. Os preservativos foram entregues nas barracas dos bares para serem dados quando os clientes pedissem. Logo, houve uma grande quantidade de balões pelo ar logo na primeira noite esgotando os preservativos. As pessoas não os utilizaram no acto sexual, não os sabiam utilizar e por uma questão socio-cultural aproveitaram-nos para enfeitar as ruas.

Se a AMI desenvolve trabalhos no Brasil... hum... desculpa, mas, sinceramente, de momento não me lembro. Procura no google Fundação AMI que eles têm um site e lá falam dos projectos que têm e onde.

Era isto que necessitavas? Se quiseres que responda melhor a algo ou que te fale de algo mais, é só dizeres.

Um beijo grande,
Anita.

sábado, 12 de julho de 2008

ACHAR...


Às vezes procura-se e acha-se.

Outras, só se acha quando se deixa de procurar.


Na maioria dos casos, achamos demais.

Isto já é outra conversa.


Senel Paz, escritor cubano, disse assim: " Acredito que criticar é um acto de amor. Critica-se para procurar a verdade, através da reflexão, da inconformidade com a realidade."

Agora vamos é lá separar o trigo do joio, a populaça do povo e os acho da critica.


Quem acha é a populaça... aquela que só olha para o seu umbigo e nem sequer do seu umbigo entende algo. Passa a vida a achar isto e aquilo, deste e daquele, disto e daquilo. Conclusão das conclusões, em 5 segundos se vê que não fazem ideia do que dizem, falam por não terem inteligencia emocional para suportar o silêncio, e depois de moida, a sua conversa não levou a lado nenhum. Não se amam a si mesmo nem ao outro, que teimam em tentar moldar à sua medida.


Quem critica é o povo... aquele que unido jamais será vencido e que tem andado paralisado devido a esta confusão generalizada entre democracia e anarquia. O povo ama, quer melhor, quer a verdade. Não aponta o dedo, vai mesmo para perto da ferida e procura limpá-la, ajudá-la a cicatrizar e mesmo a tornar aquela pele mais forte. A sua voz tem força. São ervas não daninhas que conseguem sobreviver às tempestades para depois se reerguerem ao sol. Não estrangulam o pescoço para olhar as frondosas arvores, pois sabem-se mais capazes de se adaptarem e mais felizes assim, flexiveis e dançarinas.


Quem consegue danificar o povo?

A populaça. Infiltram-se como ervas daninhas. Acham, exigem, voltam a achar, mas com nada de util contribuem. São de base ruim e em vez de irem limando os próprios espinhos, vão tentando picar o povo.


Isto tudo como desabafo de alguém do povo que também muitas vezes esbraceja para não se deixar sufocar em pensamentos maldosos, sentimentos raivosos, que a populaça teima em gritar aos meus ouvidos.



Pintura: Claude Monet (Fim de Verão)

terça-feira, 8 de julho de 2008

FELICIDADE

"Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver,
apesar de todos os desafios,
incompreensões e períodos de crise."
Fernando Pessoa

segunda-feira, 26 de maio de 2008

In a Manner of Speaking

Monet


In a Manner of speaking

I just want to say

That I could never forget the way

You told me everything

By saying nothing


In a manner of speaking

I don't understand

How love in silence becomes reprimand

But the way that i feel about you

Is beyond words


Oh give me the words

Give me the words

That tell me nothing

Ohohohoh give me the words

Give me the words

That tell me everything


In a manner of speaking

Semantics won't do

In this life that we live we only make do

And the way that we feel

Might have to be sacrificed

So in a manner of speaking

I just want to say

That just like you I should find a way

To tell you everything

By saying nothing.

Oh give me the words

Nouvelle Vague


http://www.youtube.com/watch?v=BEWQsKF5cFs

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Uma noticícia que dá que pensar

O PROTAGONISTA

Chama-se Óscar e é americano o gato que ontem liderou as leituras de notícias no site da BBC. Porquê? Aos dois anos de idade, este gato pressente os pacientes que vão morrer nas próximas horas e faz-lhes companhia no centro de terceira idade onde vive. A confirmação deste facto vem no New England Journal of Medicine, com 25 exemplos testemunhados pelo professor David Rosa, da Universidade Brown, responsável pela investigação deste fenómeno. Muitos familiares estão agradecidos ao Óscar por os avisar a tempo de se despedirem.



Diário de Notícias

Sexta-feira, 27 de Julho de 2007


Caso procurem na internet ficarão a saber que o Óscar só subia ao andar de cima do centro, onde se encontravam as camas dos idosos, nessas alturas pré-morte. Saberão também que está tudo filmado pelas câmaras de vigilância.

Surpreendente, não?


Relembro a Natasha... a gata lindérrima que ocupa o meu coração e que me dá a honra de viver comigo, de me ronronar junto ao peito enquanto adormeço e que me chama a sorrir cada vez que olho para ela...

Estranha maneira de o fazer, mas sinto que estou a homenagear estes felinos amistosos, chamados tantas vezes de frios, quando na realidade têm uma sabedoria milenar que nos vão ensinando se estivermos atentos!

Sabiam que no antigo Egipto os gatos eram chamados Mau, do seu som "miau" e que tal queria dizer Visão?


sábado, 3 de maio de 2008

A CRIAÇÃO DO MUNDO

Olhou as mãos em concha e viu arredondar-se
um sonho dentro delas - um mundo
que ninguém podia adivinhar, pois dele
fariam também parte os magos e os profetas.

Abriu-se devagar e deixou cair as trevas como sementes,
para que então servissem unicamente de sombras
e prolongassem a memória das coisas por vir. Foi assim
que inventou a luz e separou um dia do seguinte.

Depois afastou o céu daquilo que viria a ser o mar,
como quem divide um lenço azul em dois e limpa
as lágrimas apenas a metade. No meio, deixou que
crescesse todo quanto do chão quisesse escapar-se
para traçar a primeira geografia dos caminhos. E assim

descobriu a cor e encheu a sua paleta de animais
que rasgariam os ceús, cruzariam os oceanos e
resolveriam as entranhas da terra na estação
das chuvas. Por fim, semeou pequenas clareiras

nas florestas, pedras nas vertentes das cordilheiras,
cristais de neve no contorno dos lagos, estrelas cadentes
na vizinhança do desespero e rios serpenteantes
entre as searas louras, mordidas por um sol que lhe caiu
quase sem querer dos dedos, mas lhe aproveitou o calor.

E, apesar da alegria que experimentou, sentiu que o seu
mundo era tão frágil que, se desviasse os olhos, tudo acabaria
por regressar ao pó, às terras e ao verbo. Só por isso criou alguém
que também o visse e lhe dissesse todos os dias como era belo.

Maria do Rosário Pedreira

sexta-feira, 28 de março de 2008

Urso Polar...

O fotógrafo estava certo que ia ver a morte dos cães que puxam os trenósquando um urso polar vindo do nada se aproximou deles.
Mas algo diferente aconteceu.

Para aqueles que consideram o urso polar o maior assassino só porque alguém um dia o disse... repare bem nestas fotos! O que aconteceria se o cão tivesse já essa ideia pré-concebida? E o que aconteceu quando ambos simplesmente confraternizaram?








O urso polar voltou todas as noites dessa semana para brincar com os cães.
"Sê a mudança que queres ver no Mundo."
(Mahatma Ghandi)

sexta-feira, 21 de março de 2008

Los Ojos


Los ojos si se tocan

o algo que está atrás de los ojos.


Roberto Juarroz

Joan Miró

segunda-feira, 17 de março de 2008

A liberdade...


Liberdade, essa palavra

que o sonho humano alimenta

que não há ninguém que explique

e ninguém que não entenda.

Cecília Meireles

Romanceira da Inconfidência

Salvador Dali

sábado, 19 de janeiro de 2008

Perda da vida em vida...

"A morte não é a maior perda.


A maior perda da vida é o que morre dentro de nós, enquanto vivemos."



Anónimo
Tela: Henri Rousseau

domingo, 13 de janeiro de 2008

PAREDE BRANCA

Se de uma parede branca disseres que é cinzenta, é possível que ela não passe a ser dessa cor.

Mas passa pelo menos a ser branca, porque ninguém tinha talvez reparado na cor que tem.


Vergilio Ferreira

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

DIZ-SE QUE...

Diz-se que o amor é um sentimento.

A informação seguinte parece-me mais generosa do que uma simples definição ligada a um sentimento: o amor seria "a vontade de se ultrapassar a fim de alimentar a sua própria evolução espiritual ou a de outra pessoa".
Um sentimento, decerto, mas também uma força. Uma força profunda e indefinivel que nos faz evoluir e crescer, e ajuda igualmente o eleito do nosso coração a desabrochar.
Isabelle Nazare-Agra

sábado, 22 de dezembro de 2007

REGISTOS OCASIONAIS

i.
Escrevo qualquer coisa para, irrisoriamente, fazer apagar a lentidão do tempo. Por vezes, os dias tornam-se densos, outras, transformam-se em pequenas gotas de solidão. O tempo é isto, esta miséria de canos cerrados como uma espingarda apontada ao corpo.
Certeiras flechas iluminando a transparência do olhar.
Escrevo para espantar o medo. Para que o rito possa surgir na noite transformado em grito de ave.

ii.
Escrevo boca no teu braço e coração na boca.


Texto: Luis Proença

Tela: Gustav Klimt

mudança editorial :)

A partilha de Cabo Verde com vós, está longe de terminar...
No entanto, os meus afazeres profissionais a par com os meus trabalhos de Mestrado, têm legado esse meu gosto, para a transmissão oral com os que vou encontrando.

Assim, nesta quadra natalícia, de reflexão e esperança (esqueçamos o consumismo e a hipocrisia da época!)... proponho uma reviravolta editorial :) isto é, tornemos este blog um local de partilha mais ampla: a partilha do mundo!

A quem quiser continuar nesta viagem de sonho e vida, oferecerei - mais amiúde - poemas, textos, crónicas, situações do nosso dia-a-dia... e aguardarei o vosso retorno!

Muitas troquinhas de beijinhos e abraços apertados...

Anita.

sábado, 24 de novembro de 2007

O INCIDENTE DO DESTINO...

Quinze dias passados da minha estadia em Cabo Verde, pelas cinco horas da tarde, havia eu e o Enf.º Ricardo regressado da labuta das consultas, quando me recordei do sonho que tinha tido na véspera. A minha colega Susana tinha o braço esquerdo partido e olhava para mim, muito séria, sentada.
O facto de o ter recordado ali, enquanto esperava com o Ricardo que eles também regressassem para almoçarmos, acalmou a fome que eu sentia e preencheu-me com uma estranha sensação de ansiedade. Quando eles, após uma hora, tendo ido de mota, ainda não haviam chegado, foi a vez da angustia desaparecer e dar lugar a uma adrenalina pura.

Alguém que não recordo, apareceu e falou. Eles haviam tido um acidente. A Susana estava desmaiada. Pelas estradas de pavimento de paralelo, com buracos metro-sim, metro-não, animais, crianças, lixo e graúdos... três galinhas cruzaram o caminho deles!

Foi um sufoco. Corremos para o hospital. Respirando fundo - para não piorar as diferenças de percepção do tipo de actuação nestes casos - após eternos 20 minutos conseguimos que a ambulância da ilha nos fosse dispensada e um motorista aceitasse ir connosco.

Saltando a parte da condução lenta, de ficarmos parados por vários minutos na estrada por pessoas estarem a conversar no meio desta sem o menor interesse de ser uma AMBULÂNCIA a querer passar ou um borrego (penso que o borrego até daria mais nas vistas:), e de não haver material e equipamentos básicos no veículo...


Lá alcançámos chegar ao local do acidente. O Enf.º Paulo estava com a cabeça envolta em sangue e rasgos enormes na face. A Susana estava sentada no chão, com um olhar sem alma. Pelo menos já não se encontrava desmaiada - pensei eu! E voltou-se para mim ao som da minha voz. Mais tarde, revelou-me não se lembrar de nada. Acredito, pois ela não estava lá. (E quem sabe se não é mesmo melhor assim - não recordar! Há coisas que machucam tanto!)

Agarrou-se a mim durante o caminho todo de volta ao hospital. Colocava os seus olhos nos meus e perguntava "onde estamos?". Eu repondia-lhe suscintamente. Ela voltava-se de novo para o vazio, permanecia em silêncio por alguns segundos e depois, fixava-me novamente - com a mesma pergunta no ar...

Ver aquele corpo ali, móvel e funcionante, mas sem vida - é algo difícil de descrever! Estar sem Ser, sem Existir...

Já a noite banhava os ceús quando entrámos no serviço de urgência. O Paulo foi logo colocado na única maca existente para que o seu rosto fosse suturado. A Susana, deitada no chão, foi puncionada e iniciou Dextrose.

Se a mensagem fosse a falta de acesso à saúde eu poderia aqui descrever como o único exame possível de ser feito era um Raio-X por um "radiologista" com diminuição acentuadíssima da acuidade visual que há quinta vez e quando eu lhe pedi/ menti que esquecesse a clavícula pois queriamos desta vez era ver o pescoço, lá conseguiu concluir a obra; ou então descreveria como os lençois e a comida tem de ser levada por familiares porque o hospital não tem recursos para o garantir; ou então, porque não falar de termos de ter ido buscar medicamentos a casa para lhes administrarmos...

Isto, se ainda não o sabiam, desconfiavam, e se não desconfiavam, certamente não o irão esquecer... prefiro falar-vos de algo que até podem saber e desconfiar, mas do qual nos esquecemos amiúde no nosso dia-a-dia - a generosidade das gentes!

Pessoas sem dinheiro, sem condições básicas de saúde, educação, habitação, etc., foram aparecendo. Trouxeram comida para eles e para nós que ali estavamos com eles, só nos ausentando para num pulinho ir a casa buscar algo ou telefonar para a Seguradora em Portugal para agilizar a vinda do avião, visto que a situação da Susana (clavícula esquerda partida com vértices embicados para o pulmão, traumatismo craneo-encefálico) assim o exigia. Trouxeram lençóis. Deixaram que fosse eu a administrar-lhe terapêutica. Perguntavam uns aos outros como estavam eles. Enviavam palavras de força e boa-sorte.
Aqueles que passam por isto toda a vida a dar força a quem perece somente por 2 dias e para quem más condições de saúde são ter de esperar 1 mês por uma consulta não-urgente e ter de esperar 30 minutos pela enfermeira e/ ou pelo médico.

"As pessoas mais felizes parecem ser aquelas que não têm uma razão específica para serem felizes a não ser o facto de o serem."
W.R. Inge



PS: A partir desse dia, independentemente do calor ou da distância, o Ricardo nunca mais me deixou andar de mota sem o seu SUPER-HIPER-MEGA blusão de protecção todo almofadado e com todo o tipo de suporte e apoios :)

sábado, 10 de novembro de 2007

O LIVRO EM PLENO VOO...

No dia 24 de Outubro o livro “a partícula de um olhar…” foi lançado!

Só os mais atentos se aperceberam disso :) Fui discreta porque aconteceu tudo muito de repente e depois, em vésperas de o “parir” o meu coraçãozinho, encolhidinho, mal conseguia esforçar-se para não colapsar! Não tinha energia para publicidade ou convites.

Agora que o momento ocorreu… o céu tem outra cor! A do vento… da ondulação do voo! O livrinho voa… e eu sorrio já com o coração a respirar a planos pulmões! LOL!

Amigos que me acompanham nestas divagações cibernaúticas, consigo e quero agora falar :)
O livro “a partícula de um olhar…” é um projecto iniciado em Setembro de 2007, por mim e pela Diana (uma morena, licenciada em Design Gráfico, lindérrima de olhão azul, uma alma linda e com quem adoro adoro e adoro estar… só sai parvoíces quando nos juntamos!! Louras e explosivas…), e que fomos compondo em sonhos e um fim-de-semana por mês sempre que eu ia a Coimbra.
Nele estão fotografias que captei durante a minha integração na missão humanitária da AMI em Cabo Verde, e também textos e poemas que compûs inspirada nas aprendizagens que tal experiência pode proporcionar.
Nele concentra-se o que de mais puro e honesto recebi por lá!!!

Respondendo a quem já mo perguntou, podem adquiri-lo comigo pelo preço de custo 10,00 euros. Caso queiram que o envie por correio, para Portugal Continental e Arquipélagos, acresce o valor de 70 cêntimos.
Para tal, só necessitam de me escrever para anitaigomes@hotmail.com expressando a desejo de o adquirir, dizerem a morada completa ou, para quem vive perto de Beja ou Coimbra, qual a possibilidade de nos encontrarmos para que o entregue pessoalmente, e, se querem que eu o assine ou não. Eu responderei, e no dia em que o receberem podem efectuar a transferência bancária do valor total para o NIB que vos indicar.

Eu estou aqui… E agora, passado o embate inicial, já recuperada da gestação e parto deste sonho, voltarei a escrever semanal/ quizenalmente aqui neste nosso blog, mais histórias daquelas terras longínquas!

Obrigado a todos.

“Tudo aquilo que hoje é uma realidade, antes era apenas parte de um sonho impossível.”
William Blake

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

O MENINO SEM NOME OU NÔMINHO…

Por onde andei, descobri que uma coisa é o nome da pessoa - o que consta na sua certidão - e que outra coisa é o “nôminho” – o nome que todos nos chamam e com o qual cada um se identifica.
Por exemplo, o motorista de um dos transfers que tivemos de efectuar já em Cabo Verde, chamava-se Lúlú, o seu nome era Luz – havia nascido no dia da Nossa Senhora de Luz. A pessoa fantástica que nos ajudava nas limpezas da casa AMI mas que era mais uma amiga que uma funcionária (irei falar nela mais pormenorizadamente noutro post), chamava-se Agostinha – pois havia nascido em Agosto -, mas o seu nome, descobri quase um mês depois de a conhecer, era Josefina.


Em que medida este pormenor cultural afectava o nosso trabalho? Em situações de rastreios, consultas e afins, em que, por questões logísticas, necessitávamos de saber o nome das pessoas, muitas, principalmente as crianças, ainda que na escola, não o sabiam… e ficava tudo atrapalhado!


No entanto, neste post, gostava de vos falar de um menino sem nome ou nôminho…
Na minha imaginação ele chamar-se-ia Diogo (o belo) ou Francisco (o de condição livre)… Na realidade não faço a menor ideia nem consegui saber!
Conheci esta criança-homem, este ser sem substantivo próprio, numa das Unidades Locais de Saúde. Ele simplesmente navegava por ali, calmo e sereno, como um imperador, do alto da sua sapiência e omnipresença. Quando nos cruzamos, começou a observar cada movimento meu… primeiro ao longe, depois bem próximo de mim.
Um olhar intrigante, misterioso… como se fossemos de mundos diferentes! (Seríamos?) Terráqueo e marciano, primeiro encontro!
Tentei dialogar com ele mas a sua linguagem era-me incompreensível – um emaranhado de monossílabos.
Pareceu gostar da minha máquina fotográfica e quando lhe pedi, não só me autorizou a fotografá-lo, como pousou para mim de todos os ângulos e com todas as máscaras que o compõem.


Entretanto, o Ricardo (o meu Enf.º Orientador), contou-me um pouco da história deste menino-sem-nome-ou-nôminho. Na sua ficha clínica constava “problemas mentais não identificáveis”. Vivia com a avô, que, com o melhor que sabia/ podia, o mantinha encerrado numa pequena barraca de madeira, de um metro quadrado, sem janelas ou cor. Uma vez por dia era “solto” para que fosse dar uma volta.


Dia 16 de Novembro é o Dia Internacional para a Tolerância. Como qualquer dia Mundial, Internacional, Nacional, na minha opinião, existe em prol de minoria ou “algos” a melhorar. E aqui está – a necessidade de relembrar este sentimento e postura… Este menino, naquele contexto sócio-cultural, é diferente na sua unicidade enquanto ser humano e na sua doença. E se a Tolerância face à diferença é um dos “algos” que as sociedades, um pouco por todo o mundo, têm de cuidar; a falta de informação cava ainda mais fundo o abismo dessa mesma diferença.



Seja como for, ele mexeu comigo… O seu gosto, a sua curiosidade, o brilho no olhar, o seu vigor sereno. O seu aqui-e-agora-para-ti-comigo…
Em cada momento presente há um infinito de possibilidades em potencial, prontas a se revelar, caso nos dediquemos a isso…
Seres como a minha mãe, a Natasha e a Nocas afluíram a minha mente! Sempre que chego a casa, tenha-me ausentado 30 minutos ou 4 semanas, a maneira como me felicitam ao abrir da porta tem essa espontaneidade e felicidade – cada vez é uma primeira vez!
Com ele tomei consciência de uma grande lição – uma espécie de mandamento! Posso estar cansada, posso estar aflitinha para chegar à casa-de-banho, posso estar carregada de sacos das compras… mas não passei jamais novamente do hall de entrada sem agradecer com uma festa, um abraço, um olá, àquelas “tolitas” que me transformam numa grande sortuda acarinhando-me sempre com a alegria genuína de reencontrar quem gostam!

sábado, 6 de outubro de 2007

TURISMO HUMANITÁRIO ?!

“ Na "Cimeira do Milénio" da ONU, que teve lugar em Setembro de 2000, os países membros assinaram, em conjunto, uma declaração, a Declaração do Milénio, que fixou 8 objectivos de desenvolvimento específicos, a serem atingidos até 2015. Estes objectivos, chamados os "Objectivos de Desenvolvimento do Milénio" (ODM), podem ser resumidos da seguinte forma:

1 Reduzir para metade a pobreza extrema e a fome;
2 Alcançar o ensino primário universal;
3 Promover a igualdade entre os sexos;
4 Reduzir em dois terços a mortalidade infantil;
5 Reduzir em três quartos a taxa de mortalidade materna;
6 Combater o VIH/SIDA, a malária e outras doenças graves;
7 Garantir a sustentabilidade ambiental; e,
8 Criar uma parceria mundial para o desenvolvimento.“ (http://www.oikos.pt/)


Entretanto muitas ONG (Organizações Não-Governamentais) adoptaram estes objectivos para si, tornando-os como os seus próprios objectivos. No entanto, estando nós já a meio caminho do prazo 2000-2015, e apesar de o número de ONG que existem e que se encontram em actividade um pouco por todo o mundo, ter aumentado para mais do dobro, os objectivos estão muito aquém de serem alcançados. Pelo contrário, há áreas em que os dados mostram regressões.
Este facto levou a que fosse levantada a questão do TURISMO HUMANITÁRIO!!!
Quantas organizações andam a passear sob a capa do humanitarismo?
Não sei responder… mas já houveram organizações que me levantaram dúvidas! A ti não?

Para quem, por esta altura, dado o cariz mais informal dos posts anteriores, possa já pensar que eu fiz Turismo Humanitário em vez de uma Missão Humanitária, posso garantir aqui que o trabalho desenvolvido pela Fundação AMI na Ilha do Fogo, tem obtido resultados concretos e imprescindíveis para o desenvolvimento da população. Há acções mais precisas e ponderadas, outras a melhorar, mas de um modo geral, a minha opinião é que têm desenvolvido um bom trabalho!


De um modo muito geral, irei descrever algumas das tarefas que fui realizando durante a minha estadia por Cabo Verde :)


Por norma o dia começava às 7 horas da manhã, depois, consoante o dia da semana, ia prestar cuidados primários de saúde para um Posto de Sanitário ou Unidades de Saúde:
- consultas de enfermagem (onde para além das competências de enfermagem ao nível de diagnóstico, monitorização de vários elementos e ensino, ainda efectuava intervenções médicas, como prescrição de terapêutica medicamentosa – o Prontuário Terapêutico foi durante muitas noites a minha leitura de cabeceira!); e,
- curativos (pensos, injectáveis, etc.).






Depois, por volta das 15horas regressava à cidade de São Filipe para realizar formação a profissionais de saúde, nomeadamente serventes do Hospital, ou então dirigia-me a alguma escola ou jardim-de-infância para a realização de acções de educação para a saúde - umas vezes a pais, outras a crianças, outras a ambos ao mesmo tempo. As temáticas andaram à volta dos temas mais importantes naquele contexto: sexualidade, planeamento familiar, saúde materna, cuidados de higiene, cuidados à água, saúde infantil e cuidados a doentes hospitalizados.


Outros dias havia em que passava o dia inteiro de instituição escolar em instituição escolar a efectuar rastreios às crianças, ao nível dentário, nutricional, dermatológico, gastrointestinal, etc.
Onde os dados eram um tanto ou quando desanimadores para mim.
Lembro-me que logo no primeiro jardim-de-infância estava eu a brincar com uma das muitas crianças que alegremente me rodeavam quando o chefe de missão me perguntou:
Tem sarna?
Hum?!
Pois, eu já estava com a mão mesmo em cima de uma manchinha redondinha de escabiose. Passei logo a estar mais atenta.
Para além destas acções directas com a comunidade, havia a elaboração de relatórios dos dados levantados, relatórios diários de actividade a enviar à AMI e pensar/ estruturar/ elaborar os materiais a utilizar na prestação de cuidados (desde os cartazes, folhetos, jogos, fantoches, ao corte/ dobragem de compressas e “esterilização” de ferros – escovar com sabão azul e uma escova de dentes, deixar repousar em água com lixívia e ferver 30 minutos em água no camping gás!).



As tarefas de limpeza da casa, compra de alimentos (a pé com as mochilas!), lavagem das roupas (à mão!) e outros aspectos do dia-a-dia eram partilhados entre todos e auxiliados pela maravilhosa Agostinha – uma mulher fantástica que acarinha todos os que conhece não deixando adivinhar a história de vida que tem e que por razões óbvias não irei expor aqui!


Mesmo assim havia dias em que dava para ir uma horinha à praia ou jantar fora ou então ficar simplesmente na soalheira da casa de papo para o ar a jogar conversa fora com os amigos que se ia criando.


Boa vida, não?!!! Eh eh...


PS: A esterilização!


Porque a esterilização me pareceu a mim uma das práticas mais impensáveis que efectuei… Merece umas fotos dedicadas só mesmo a ela!!

Aqui estão elas: